Idosos: uma questão de política pública
População brasileira envelhece e visão de “obsolescência biologia” reforça preconceito e políticas públicas insipientes. É preciso construir uma qualidade de vida mais digna para o idoso.
Quando se é jovem, o tema do envelhecimento nunca preocupa. Afinal, esse amanhã parece que vai demorar uma “eternidade”. Porém, esses dias chegarão. E aí, o que acontecerá?
Assim como é importante imaginar nosso envelhecimento – que não significa “obsolescência biológica”, claro -, também é necessário lutar, desde já, por políticas públicas que propicie melhores condições de vida para os idosos, sejam os de hoje como os de amanhã.
Os dados indicam caminhos. Segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013, o número de crianças em nosso país vai diminuir e o de idosos aumentar. O número de pessoas no Brasil acima de 60 anos (definição de “idosos” dentro da pesquisa) continua crescendo: de 12,6% da população, em 2012, passou para 13% no ano passado. Já são 26,1 milhões de idosos no país. Ainda segundo a Pnad, o grupo de idosos de 60 anos ou mais será maior que o grupo de crianças com até 14 anos já em 2030 e, em 2055, a participação de idosos na população total será maior que a de crianças e jovens com até 29 anos. Ou seja, as projeções estatísticas apontam uma tendência de envelhecimento do país e o seguinte questionamento: como garantir que toda nossa população seja provida pelo Estado, garantindo saúde de qualidade e aposentadorias dignas?
É preciso começar essa construção, cobrar políticas públicas para a população idosa, planejar melhor os investimentos em saúde e medicina preventiva e, mais que isso, também combater os constantes equívocos que rodam o imaginário popular quando o assunto é o idoso. A visão de envelhecimento que nossa sociedade tem é de que os idosos são financiados pelos contribuintes ativos e que aposentadoria seria um período de descanso remunerado. Não, aposentadoria e qualidade de vida depois de anos de contribuição é mais que um direito, é um dever do Estado!
Esse tipo de pensamento reproduz estereótipos históricos em torno da inatividade e dependência, atribuída aos aposentados, bem como para a desqualificação, como cidadão, do idoso. Chegou a hora, portanto, de pensarmos no nosso amanhã. E isso passa por rediscutir as políticas e a visão em torno do envelhecimento.