TRABALHADORES DA DASA: A UM PASSO DE UMA GREVE HISTÓRICA
Na manhã de 22 de agosto, em frente ao Laboratório Delboni Auriemo, em Alphaville, trabalhadores da Diagnóstico da América S.A. (DASA) realizaram assembleia decisiva. Por unanimidade, aprovaram a deflagração de uma greve por tempo indeterminado, prevista para começar no dia 27 de agosto, caso a empresa não apresente uma proposta que atenda, de fato, às reivindicações da categoria.
A assembleia foi conduzida pelo vice-presidente do Sindicato Único dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Osasco e Região (SUEESSOR), Juarez Henrique de Paulo, com o apoio do primeiro secretário, Amilton Arlindo Moura Rodrigues, dos diretores Ailton Mercês, Amélia Pereira Matos, Edinaldo Alves Batista, Geni dos Santos Nascimento, Luciana Pereira Santos e Rogério Nunes Mendes, além da assessoria jurídica dos advogados Dr. Flávio Bezerra e Dra. Lilian Bisaro.
OS DESDOBRAMENTOS DA LUTA
Poucas horas depois da decisão, ainda no dia 22, a diretoria do SUEESSOR protocolou a pauta reivindicatória junto à empresa, reiterando os pontos centrais de luta dos trabalhadores.
PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES
- Reajuste salarial de 5,32% retroativo a maio de 2025, com pagamento das diferenças até agosto;
- Definição de pisos salariais:
- Apoio, Administração e demais funções – R$ 1.804,00;
- Auxiliar de Enfermagem – R$ 2.375,00;
- Técnico de Enfermagem – R$ 3.325,00;
- Técnico de Laboratório – R$ 2.750,00;
- Auxiliar de Laboratório – R$ 2.350,00;
- Vedação da globalidade salarial em relação ao piso nacional da enfermagem;
- Adicional noturno de 40%, inclusive na jornada 12×36;
- Auxílio-creche de R$ 431,76 e cesta básica de R$ 300,00;
- Jornada de 12×36 com duas folgas mensais;
- Proibição da jornada 6×1;
- Folgas aos domingos (dois por mês para mulheres e um para homens);
- Pagamento em dobro, ou folga compensatória, pelos domingos e feriados trabalhados;
- Adicional de insalubridade em grau máximo para trabalhadores expostos a agentes biológicos infectocontagiosos.
O documento definiu o dia 26 de agosto como prazo final para que a DASA apresente uma contraproposta.
A PROPOSTA PATRONAL: POLÍTICA DE PÃO E CIRCO
Na véspera da assembleia, em 21 de agosto, a empresa encaminhou uma proposta de renovação do acordo coletivo. Para o SUEESSOR, trata-se de uma clara tentativa de desmobilização, “política de pão e circo”, sem compromisso real com a valorização da categoria.
A proposta prevê reajuste de 5,32% a partir de maio, mas o pagamento retroativo até agosto viria em forma de abono, e não como recomposição efetiva dos salários. Para o sindicato, isso é insuficiente e desrespeitoso, já que a data-base de maio tem força normativa: o reajuste deve retroagir e incidir sobre salários, férias, FGTS e demais direitos, e não ser transformado em um benefício provisório.
Outro ponto polêmico: a empresa sugeriu pisos salariais apenas para quem cumpre jornada de 220 horas mensais. Apoio, Administração e Demais Funções, por exemplo, receberiam a partir de maio apenas R$ 1.582,00, com retroativo como abono, alcançando R$ 1.804,00 apenas em janeiro. Isso exclui a maioria dos trabalhadores que atuam no regime 6×1 (180 horas mensais), perpetuando salários abaixo do mínimo esperado.
Na cesta básica, a proposta também é insuficiente: apenas R$ 260,00, contra os R$ 300,00 reivindicados.
O POSICIONAMENTO DO SINDICATO
Para o vice-presidente do SUEESSOR, Juarez Henrique de Paulo, a postura da empresa revela apenas uma estratégia para enfraquecer a mobilização:
“A DASA tenta usar o resultado contábil como justificativa para não valorizar seus trabalhadores. Mas a verdade é que a operação da empresa gera bilhões em receita. Se a negociação travar, o sindicato recorrerá à Justiça, porque a empresa não pode bloquear o caminho do reajuste”, afirmou.
A MOBILIZAÇÃO CRESCE
Desde o início do mês de agosto, a direção do SUEESSOR permanece na porta da empresa diariamente, inclusive aos finais de semana, como nos últimos dias 23 e 24, acompanhando os trabalhadores, fazendo falas públicas e impedindo qualquer tentativa de intimidação ou desmobilização por parte da chefia.
Para o sindicato, a responsabilidade agora está nas mãos da empresa. “Se a DASA não apresentar uma proposta concreta até o dia 26, não haverá retrocessos: os trabalhadores estarão em greve a partir do dia 27” – declarou o primeiro secretário do SUEESSOR, Amilton Arlindo de Moura Rodrigues.
Até a data de hoje (25), a DASA não apresentou nenhuma resposta ou contraproposta às reivindicações. A categoria segue mobilizada e pronta para uma greve histórica na quarta feira.