25/08/2015 13h00

O que falta para o Brasil doar mais sangue?

Apenas 1,8% da população brasileira doa sangue; ONU considera ideal entre 3% a 5%

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Apenas 1,8% da população brasileira doa sangue; ONU considera ideal entre 3% a 5%.

Conhecidos mundialmente pela simpatia com que tratam o visitante estrangeiro, os brasileiros são menos solidários com seus semelhantes ─ pelo menos quando o assunto é doar sangue.

Dados da ONU apontam que o Brasil, apesar de coletar o maior volume em termos absolutos na América Latina, doa proporcionalmente menos do que outros países da região, como Argentina, Uruguai ou Cuba.

Mas para alcançar tal objetivo será preciso enfrentar desafios que ainda atravancam o potencial das doações. Confira quais são eles:

1) Falta de conscientização

Especialistas apontam a falta de conscientização da população como um dos principais limitadores para o aumento da doação de sangue no Brasil. Eles defendem que campanhas de incentivo à doação sejam feitas desde os primeiros anos de vida e que o assunto seja discutido nas escolas para reverter o atual cenário.

2) Estigma

Segundo Naura Faria, chefe de atendimento ao doador do HemoRio, hemocentro coordenador do Estado do Rio de Janeiro, a doação de sangue no Brasil ainda é cercada de “mitos”. “Infelizmente, ainda existem alguns mitos em relação à doação de sangue. Há pessoas que acreditam que se doarem uma vez, vão ter de doar sempre. Outras acham que doar sangue engorda. Existem ainda aquelas que temem contrair alguma doença infecciosa durante a coleta”, enumera.

3) Herança cultural

Para Júnia Guimarães Mourão, presidente da Fundação Hemominas, hemocentro coordenador do Estado de Minas Gerais, o volume de sangue doado está relacionado “à cultura dos países”.

“Diferentemente de países desenvolvidos, como o Japão ou os Estados Unidos, o Brasil não se envolveu em grandes guerras ou passou por grandes catástrofes naturais, que, acredito, podem ter criado em suas sociedades a compreensão da importância da doação de sangue.

4) Deficiência estrutural

Segundo especialistas, não basta apenas elevar o volume de doações, sem aumentar a “eficiência do produto”. “Precisamos minimizar a possibilidade de um descarte eventual do sangue já que se trata de um material difícil de ser acondicionado”, explica Yêda Maia de Albuquerque, do Hemope.

5) Normas e proibições

As normas e proibições ─ muitas delas polêmicas ─ também são consideradas por muitos um entrave ao aumento no número de doações no país. Até bem pouco tempo, por exemplo, segundo contam os especialistas, menores de 18 e maiores de 65 anos eram proibidos de doar. Desde novembro de 2013, a faixa etária passou de 16 a 69 anos. “É mais fácil colocar regras mais gerais para não cometer o equívoco de deixar a particularidade ser avaliada caso a caso”, explica Tadeu, da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, acrescentando que as decisões são baseadas em “estudos epidemiológicos”. “Sempre temos de trabalhar com o menor risco possível”.

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