20/04/2015 14h00

POR QUE FALTA ÁGUA EM SÃO PAULO?

Um pesadelo aflige o povo de São Paulo: a garantia de água está em risco. Sim, o estado mais rico do Brasil, que gera 32,6% do PIB nacional, tem uma população de 43,6 milhões habitantes e uma das 10 maiores metrópoles do mundo está na iminência de sofrer um colapso no fornecimento de água. As torneiras estão secando!

A Sabesp e o Governo do estado progressivamente aplicam uma política de mercantilização dos serviços de saneamento básico.

A Sabesp e o Governo do estado progressivamente aplicam uma política de mercantilização dos serviços de saneamento básico.

Em maio do ano passado, o nível dos reservatórios do Sistema Cantareira – que abastece nove milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo e ainda leva água para a bacia do Piracicaba, Capivari e Jundiaí – atingiu o patamar mais baixo da sua história: 8,2%. Para evitar o colapso nesse mesmo dia foi iniciada uma operação que utiliza o “volume morto” do reservatório, que é a água localizada abaixo das comportas das represas. Depois foi a vez do Sistema Alto Tietê chegar ao seu menor nível da história.

Em vários bairros da capital e municípios da Grande São Paulo, o rodízio ou racionamento – nome camuflado para a falta de água – já é uma dura realidade. O mesmo ocorre em inúmeras outras cidades do interior. O pior é que, mesmo que chova muito no próximo período, especialistas afirmam que o sistema hídrico de São Paulo não se recuperará rapidamente. E, até lá, as duras medidas de racionamento, que o governo do Estado esconde, deverão continuar.

O PSDB governa o estado há duas décadas. Nesse período, o governo não realizou obras e serviços essenciais para garantir a oferta de água para consumo humano e para outras atividades econômicas. Os investimentos foram insuficientes e houve uma clara inversão de prioridades, ao se privilegiar a distribuição de dividendos.

A Sabesp e o Governo do estado progressivamente aplicam uma política de mercantilização dos serviços de saneamento básico. Secundariza suas obrigações de garantir a universalização dos serviços de saneamento e se guia pela lógica dos lucros crescentes. Esse choque de interesses, ao se pautar pelos parâmetros da Bolsa de Valores de Nova York e São Paulo, está na raiz da atual crise.

Há dez anos, quando da renovação do contrato do Sistema Cantareira, a Sabesp se comprometeu a realizar um conjunto de obras e serviços para diminuir a dependência da empresa ao Sistema Cantareira. O governo fez vista grossa e o resultado vemos agora. A crise hídrica veio e parece que não irá embora tão cedo. Estamos colhendo os frutos plantados pela má gestão de nossos recursos naturais.

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