12/07/2017 10h24

Casa de ferreiro, espeto de pau?

Mulheres cobram posicionamento do Coren / SP sobre denúncia de violência doméstica contra o conselheiro Luciano “30 Horas”

No dia 23 de junho, um escândalo sobre violência à mulher envolvendo o mentor do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo, Luciano Rodrigues ou Luciano “30 Horas” (como é mais conhecido) se espalhou nas redes sociais.  A denúncia foi feita por Eliane Nunes, esposa do conselheiro.

Em sua página no facebook, Eliane relatou ter sido “agredida fisicamente pelo marido”.

O caso chocou as trabalhadoras da saúde, pois, além de 85% da categoria ser do sexo feminino, Luciano sempre foi o “garoto propaganda” do COREN, inclusive sendo um dos principais articuladores da campanha publicitária “Violência não resolve” – lançada pela instituição no ano de 2016 em parceria com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo – CREMESP. O objetivo foi de sensibilizar a sociedade sobre o crescente número de profissionais que vinham sofrendo agressões físicas, verbais ou psicológicas em seu ambiente de trabalho.

Perante a repercussão do ocorrido, trabalhadoras da  saúde, em conjunto com ativistas de movimentos que atuam contra a violência a mulher e em prol da igualdade de gênero e sociedade civil, se mobilizaram em um ato ocorrido no dia 07 de julho em frente ao COREN – SP, cujo objetivo foi cobrar um posicionamento do conselho quanto à continuidade das atividades de Luciano dentro da instituição.

É inaceitável que uma pessoa com este tipo de conduta tenha um cargo de responsabilidade na casa da ética, onde, uma mulher é a presidenta e a maior parte de sua arrecadação venha de trabalhadoras”, declarou a pedagoga e dirigente do Sindicato Único dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Osasco e Região (SUEESSOR) Liberaci Oliveira de Souza.

Durante o ato foi solicitado ao COREN uma resposta sobre a possibilidade de afastamento do conselheiro de suas atividades, pelo menos até que toda a situação seja efetivamente esclarecida.

Na ocasião, a assessoria de imprensa do COREN se responsabilizou a enviar uma nota respondendo as reivindicações das manifestantes, como também, de agendar uma reunião com a presidenta do conselho, caso a mesma quisesse se posicionar sobre o assunto.

Em nota enviada na tarde de ontem (10) à nossa assessoria, o conselho respondeu as reivindicações.

Segue à nota na íntegra:

“O Coren-SP reafirma o seu repúdio à violência praticada contra profissionais de enfermagem e ele se estende a todas as outras formas de violência presentes na sociedade. Para combater as agressões sofridas no ambiente de trabalho, implantamos mecanismos de apoio às vítimas, como a campanha “Violência Não Resolve”, que está em vigor há dois anos.

Conquistamos grande adesão da categoria e da opinião pública por meio da iniciativa, que se tornou uma bandeira nacional do sistema Cofen-Corens e também resultou na criação de um Grupo de Trabalho na Secretaria Estadual de Segurança Pública, do qual participam a presidente do Coren-SP e seu vice, como representantes da iniciativa.

Informamos ainda que não há denúncia formalizada registrada no Conselho referente à conduta do conselheiro no âmbito profissional/representativo. Sobre situações que cunho pessoal não relacionadas ao exercício profissional, não compete ao Coren-SP se manifestar, tendo em vista que elas devem ser conduzidas pelas instâncias cabíveis.

Ao Conselho compete a análise da conduta ética dos profissionais no âmbito do processo ético disciplinar, em garantia a ampla defesa e contraditório, conforme preconiza a Resolução Cofen 370/ 2010. Seguimos à disposição”.

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